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Estudante Kaingang de Mangueirinha conclui curso de Direito na UEPG

25 de março de 2017
O Kaingang, Alex Miler Maciel, está comemorando sua formatura no curso de Direito da Universidade Estadual de Ponta Grossa-UEPG, nesta semana. Nascido e criado na aldeia indígena de Mangueirinha sudoeste do estado do Paraná, o formando relata que a sua escolha pelo curso de Direito, antes de tudo, baseou-se no sonho de criança em trabalhar nessa área. “O sonho foi amadurecendo, e com os passar dos anos, percebi que além do sonho havia a necessidade de alguém, em termos de comunidade, que pudesse ter capacidade técnica para de alguma forma auxiliar a comunidade indígena na resolução dos conflitos que, internamente, não pudessem ser resolvidos pelas lideranças indígenas”. No que se refere à área profissional, registra que tem paixão pelo direito penal, no qual pretende se especializar e exercer a profissão. “O primeiro passo foi dado”, diz ao acrescentar “o tempo não para e também não pararei até conquistar todos os meus objetivos, um passo de cada vez, com os pés no chão e a cabeça nas nuvens”. No tempo da graduação, Alex conta que a dificuldade vivenciada ocorreu na adaptação a um novo ambiente que coloca como, indubitavelmente, diferente do encontrado na aldeia. Além disso, ressalta que o curso de Direito exige uma dedicação a qual não estava acostumado. “É muita leitura de conteúdos aos quais o cidadão comum não está acostumados a conviver”. “Convido os que sonham com uma formação superior para que não desistam de seus objetivos. Sabemos da impossibilidade da obtenção de sucesso profissional, salvo raras exceções, sem uma formação acadêmica”. Para os que já ingressaram na graduação, pede que usem as dificuldades como degraus para chegar ao sucesso. “Provem aos que duvidam de nossa capacidade, que podemos, sim, alcançar um futuro profissional brilhante – porque de diferente temos apenas a cultura”. Vida Acadêmica Alex Miler Maciel Iniciou sua vida acadêmica na própria aldeia na escola de Mangueirinha, onde estudou da pré a quarta série. Estes quatro anos foram os únicos em que teve contato com a língua materna (kanhgang). Nos colégios subsequentes o idioma ensinado era o inglês. Por não existir continuidade do ensino na aldeia, na época, foi estudar em uma escola de uma comunidade próxima que se chamava Colégio Estadual Professora Vilma dos Santos Dissenha e que, atualmente, denomina-se Colégio Estadual do Campo Professora Vilma dos Santos Dissenha. Neste estabelecimento concluiu o ensino fundamental. Em seguida terminou o ensino médio no Colégio Estadual Professora Hercília França do Nascimento. Ambos os colégios localizavam-se no município de Mangueirinha (PR). Ingressou no curso de Direito pelo Vestibular Indígena e, em março de 2017, festeja sua colação de grau.
PB Agência Web