A terça-feira marcada para o início da greve dos servidores acontece com as categorias divididas. Enquanto os policiais civis aceitaram a trégua de uma semana proposta pelo Governo do Paraná para tentar um acordo sobre a reposição salarial, as demais categorias lutam para manter o movimento que pede um reajuste de 4,9% relativos aos últimos 12 meses da inflação.
De acordo com a APP-Sindicato, a greve atinge a 80% das escolas estaduais do Estado, total ou parcialmente. Porém, de acordo com a Secretaria de Estado da Educação (SEED), apenas 2,4% das 2.143 escolas estaduais estão totalmente paradas e cerca de 27% aderiram de forma parcial. Já em Curitiba, a adesão é maior segundo a SEED, com 56% de adesão parcial e 2% de adesão total das 250 escolas.
Em Curitiba, servidores fazem um protesto em frente ao Palácio Iguaçu desde o início da manhã. Há manifestações também no interior do estado em várias cidades.
Já os policiais civis, após um protesto que levou viaturas para a frente da sede do Governo nesta segunda-feira, decidiram dar um prazo de uma semana para que o Executivo faça uma proposta. Os policiais civis iriam trabalhar apenas a carga horária de 40 horas semanais, sem serviços extras, fazendo uma espécie de “greve branca” a partir de hoje. Agora, resolveram esperar uma semana imaginando que poderá haver um acordo. Há a possibilidade, não confirmada oficialmente, de que o Governo poria acenar com uma reposição de 4% feita em parcelas.
Por sua vez, o Governo do Paraná afirmou que continua aberto ao diálogo, mas ameaça suspender as negociações, caso a paralisação se confirme.
Com data-base em maio, os servidores estão com os salários congelados desde 2016 e acumulam perdas de 17%. Desde abril, foram feitas oito rodadas de negociação entre Governo e representantes do funcionalismo, mas nenhum acordo foi fechado. O governador Ratinho Júnior (PSD) afirmou que o governo não tem dinheiro para conceder o reajuste, porque representaria quase R$ 1 bilhão a mais de gastos.
O Governo do Paraná divulgou que a média salarial das principais carreiras do funcionalismo no Estado cresceu entre 8,2% e 33,9% de 2016 a 2019. Mesmo sem a concessão de reajustes, o salário aumentou por conta avanços de carreira concedidos pelo Governo do Paraná.
O maior crescimento foi registrado entre 17 mil funcionários da rede estadual de educação. Na média, o vencimento deste grupo subiu de R$ 3.319,00 para R$ 4.443,00 em três anos, o que representa um aumento de 33,9%.
No mesmo período, segundo o Governo, os cerca de 60 mil professores do quadro próprio do Estado tiveram um aumento de 16,9% no salário médio, que passou de R$ 4.460,00 para R$ 5.215,00.
Na saúde, 6.762 servidores registraram um incremento de 19,3% entre 2016 e 2019, com a média salarial subindo de R$ 5.688,00 para R$ 6.785,00.
O Governo informa ainda que, entre as principais categorias do Estado, também consta o aumento de 15,6% na carreira da Polícia Militar, com 19,6 mil militares; de 12% do Quadro Próprio do Executivo (8.832 servidores); e de 8,2% da Polícia Civil (3.874). Hoje a média salarial dessas categorias é de, respectivamente, R$ 5.796,00, R$ 8.127,00 e R$ 8.457,00.
Um relatório do Banco Mundial, encaminhado em junho ao Governo do Paraná, aponta que o crescimento real da folha de pagamento de inativos (7% ao ano) e ativos (5% a.a.) superou o desempenho da receita líquida do Estado (4,4% a.a.).
O estudo avaliou dados de 2007 a 2018 e destaca que o aumento da despesa com pessoal no setor público decorreu sobretudo de reajustes salariais superiores à inflação. Este processo resultou em uma diferença entre o que é pago no setor público e no privado na casa de 35%, quando avaliadas as mesmas atribuições.
Informações - Banda B