RESERVA DO IGUAÇU

Polícia Ambiental e Ministério Público realizaram ações em Reserva do Iguaçu e outros três municípios da região; mais de 14 toneladas de carvão extraído ilegalmente foram apreendidas

21 de setembro de 2019

Com a participação de 16 estados, a edição deste ano da Operação Mata Atlântica em Pé, ação executada por unidades do Ministério Público brasileiro para combater o desmatamento e garantir a proteção de regiões que integram o bioma da Mata Atlântica, já culminou na fiscalização de 500 áreas de floresta e na confirmação de 5,3 mil hectares de desmatamento, com a aplicação de perto de R$ 22 milhões em multas. As fiscalizações foram feitas com apoio da Polícia Militar, do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e órgãos estaduais ligados à questão ambiental.

No Paraná, as fiscalizações foram executadas pela Polícia Ambiental do Paraná/Força Verde, entre os dias 16 e 20 de setembro, com ações concentradas nos municípios de Prudentópolis, Guarapuava, Pinhão e Reserva do Iguaçu, região em que prevalece a floresta ombrófila mista, a Mata de Araucária. As equipes realizaram vistorias em 53 pontos, constatando 688 hectares de floresta devastada ilegalmente. Foram apreendidos 104 metros cúbicos de madeira e expedidos 53 ofícios com informações de crime ao Ministério Público, além de lavrados 85 autos de infração e aplicadas multas no valor total de R$ 6.204.850,00.

"Lamentavelmente os desmatamentos em prejuízo de Mata Atlântica continuam acontecendo (...) O Ministério Público precisa agir, e a operação é um exemplo disso, para identificar esses desmatamentos e buscar a reparação dos danos ambientais", disse o promotor Alexandre Gaio.

O trabalho de fiscalização foi feito também com suporte de satélite e atlas desenvolvidos pela SOS Mata Atlântica e Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). Entre as metodologias, foram avaliadas imagens comparativas do estado atual dos imóveis e a situação em períodos anteriores. Para Mário Mantovani, diretor da SOS Mata Atlântica, desde a edição da Lei da Mata Atlântica, os conflitos e desmatamentos vêm diminuindo. “A Operação Nacional possui justamente o propósito de identificar os focos de resistência à aplicação da legislação e de condução para a reversão dos processos de degradação ambiental. Daí a importância de buscarmos legislações específicas para os demais biomas do país”, afirma o ambientalista.

Aumento da área desmatada

Em 2018, a segunda edição da Operação Mata Atlântica em Pé fiscalizou 51 áreas nas regiões dos mesmos quatro municípios paranaenses. Foram 618 hectares de desmatamento identificados e apreendidos 1.500 metros cúbicos de madeira.

Na comparação, no período de 12 meses, houve aumento de 70 hectares de área desmatada ilegalmente.

O Paraná tem a maior faixa contínua de Mata Atlântica do Brasil, segundo dados da Fundação SOS Mata Atlântica. Nos últimos 12 meses, conforme a fundação, o estado teve mais de 2 mil hectares desmatados.

Ainda conforme o levantamento, o desmatamento cresceu 25%, entre 2017 e 2018 em áreas paranaenses. No ranking entre estados brasileiros que mais desmataram neste período, o estado aparece em terceiro lugar:

  • Minas Gerais – 3.379 hectares desmatados;
  • Piauí – 2.100 hectares desmatados;
  • Paraná – 2.049 hectares desmatados.

Os dados mostram que cinco municípios do Paraná estão entre os que mais desmataram o bioma de 1985 a 2015. Todos eles ficam na região centro-sul do estado:

  • Rio Bonito do Iguaçu;
  • Coronel Domingos Soares;
  • Pinhão;
  • Bituruna;
  • Castro.

Na reserva da Guaricica, em Antonina, no litoral do Paraná, há quase vinte anos, a área era ocupada por fazendas de criação de búfalos.

No ano 2000, a Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental (SPVS) adquiriu o território e conduziu o processo de reflorestamento.

Antônio da Veiga, que atualmente trabalha como vigia florestal, era um dos funcionários que atuava na criação de búfalos da região. Ele conta que, além da função, a conscientização ambiental também mudou.

"Meu trabalho era totalmente diferente: roçar, desmatar, cuidar de búfalo. Era detonar a floresta (...) A gente começou a ter treinamento para cuidar da área degradada, e o conhecimento foi mudando. Sou um homem mais feliz", conta o trabalhador.

Com a recuperação ambiental da área, a presença de animais característicos começou a ser identificada. Câmeras de vídeo camufladas na mata registraram, em agosto deste ano, pela primeira vez, uma onça pintada na reserva, na floresta que há duas décadas estava ameaçada.

A presença da onça e de outras espécies, como onça parda, jaguatirica e um grupo de queixadas, voltou a ser comum no território.

"É resultado do nosso trabalho. Isso emocionou a todas as pessoas que trabalham por essa causa. É a minha vida. Ar puro. É tudo", afirma Reginaldo Ferreira, coordenador de reservas da SPVS.

Desmatamento zero

Conforme a SOS Mata Atlântica, 17 estados brasileiros conseguiram diminuir o desmatamento, entre eles, nove chegaram ao nível de desmatamento zero, que são menos de 100 hectares. Veja abaixo:

  • São Paulo;
  • Rio de Janeiro;
  • Espírito Santo;
  • Sergipe;
  • Alagoas;
  • Pernambuco;
  • Paraíba;
  • Rio Grande do Norte;
  • Ceará.

 Informações - MPPR e G1

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