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Agricultor do Paraná transforma silo em réplica da nave Apollo 11

26 de setembro de 2019

Um agricultor abusou da criatividade para transformar um silo de grãos em uma réplica da Apollo 11, a nave espacial que levou o primeiro homem à Lua, em 1969. É em sua propriedade, a cerca de 20 km do centro de Paiçandu, norte do Paraná, que Jonas Lourenço Silva, de 64 anos, transformou o sonho de virar astronauta em um projeto para todo mundo ver.

A obra imponente pode ser vista até da rodovia próxima ao terreno e atrai dezenas de pessoas toda semana. São na maioria famílias que levam as crianças para terem uma ideia de como era a nave que levou o homem a dar um grande salto para a humanidade.

Um andaime leva o visitante até o topo da réplica, de cerca de 16 metros de altura -sete vezes menor que a original. A cabine é equipada com botões e adesivos que tornam a experiência interativa. “Não é só o visual, a pessoa tem que sentir, entrar na cabine”, explica o inventor.

Desde a viagem de Neil Armstrong, Buzz Aldrin e Michael Collins, o agricultor comemorava solitário a data anualmente. O medo era que o feito caísse no esquecimento. “Senti que ninguém sabia sobre isso, a memória iria se apagar”, conta sobre a motivação para o projeto.

Finalizada há poucos meses, exatamente 50 anos após o desembarque lunar, a nave recebe hoje cerca de 80 pessoas por dia, em finais de semana e feriados. A visitação é gratuita e faz crianças e adultos se sentirem astronautas por um dia.

“Sempre gostei de estudar o universo, sou apaixonado por altura, e o evento [da decolagem] me marcou muito”, conta Jonas, que acompanhou a saga espacial pelo rádio quando tinha 13 anos. O evento também influenciou sua formação posterior, como paraquedista e aviador civil.

Na composição da réplica, que demorou 15 anos para sair do papel, Jonas usou uma caixa d’água com capacidade para 30 mil litros, um silo agrícola, o motor de um caminhão e outros materiais reciclados, como uma forma de pudim para representar a lâmpada na ponta da nave. A base é de concreto e toda a estrutura superior, metálica. Para ficar ainda mais fiel ao original, a nave foi pintada de branco e recebeu a bandeira dos Estados Unidos e a inscrição USA.

A demora tem motivos -além da procura por materiais que se encaixassem, o agricultor teve que contratar especialistas de diversas áreas para auxiliar no invento. “Tive que fazer um estudo das peças que garimpei para dar a ela o aspecto aerodinâmico”, explica.

Quem visita a propriedade não tem apenas a experiência lúdica. Jonas montou uma exposição de fotografias da época, que ele colecionou ao longo dos anos, para explicar a história da chegada do homem à Lua.

Além de ter criado uma atração turística para a cidade de cerca de 41 mil habitantes, Jonas fez do hobby um alento para os problemas do dia a dia. Sua esposa teve complicações no parto do único filho, hoje com seis anos. A família se desdobra para acompanhar a evolução da criança, que depende da ajuda de vários especialistas para se desenvolver.

“Foi uma fuga para mim diante de tanta revolta, de tudo que a gente passou. Construir a espaçonave foi uma forma de atrair a atenção e de diminuir a frustração”, finaliza.

Informações - Banda B

PB Agência Web