GERAL

Desafios, democracia e envolvimento na busca pela qualidade na educação escolar

21 de outubro de 2019

Os desafios na área da educação hoje são muitos e intrigantes. Nos últimos meses passei a fazer algumas pesquisas para um projeto com o tema gestão democrática participativa, para este, as pesquisas foram tanto de cunho bibliográfico, de campo, como também busquei a mentoria da Pedagoga Marine Linz. Todos esses campos de pesquisa contribuíram para embasar  os estudos de que apesar dos desafios uma educação de qualidade em conjunto com a comunidade local é um sonho possível. Para dar continuidade a tal projeto estive em contato direto com vários segmentos da comunidade: famílias, representante das igrejas, representantes comerciais, empresários, alguns profissionais da educação entre outros.

O contato com esses grupos tinham dois propósitos: primeiro era saber como eles viam a educação nos dias atuais, segundo, de que forma estes sendo membros de uma comunidade poderiam contribuir para que a qualidade espacial e de aprendizado na escola local aumentassem.

No momento em que fiz a primeira pergunta já pude observar nos olhos das pessoas, primeiro a insegurança, logo, os anseios e sonhos que segundo a maioria deles só é possível se tiver uma educação voltada para aprendizagem, uma aprendizagem na qual a criança encontre meios de superar medos, desafios e sejam capazes de se tornarem pessoas inteligentes o suficiente para terem uma vida digna quando adultos.

Ao fazer a segunda pergunta: como você, enquanto membro desta comunidade pode contribuir para melhorar o espaço e ensino da escola local? Neste momento pude observar no olhar, na postura corporal, no sorriso... O quanto querem fazer parte do processo de ensino e aprendizagem de seus filhos e como podem contribuir. Muitos deram ideias, ofereceram seus mais diversos conhecimentos, desde a mais singela palavra até às mais pura e sincera mão de obra para fazer a diferença.

Foi então que descobri que os desafios na educação, que são vistos por muitos como uma carga pesada, pode ser diminuído se dividirmos este “fardo” com as pessoas que fazem parte da comunidade, desde que estes sejam convidados a participar do processo, não do processo de ensino e aprendizagem propriamente dito, mas sim da construção deste processo.

Recordando as respostas para primeira pergunta ouso aqui fazer alguns questionamentos: Qual é a imagem que a educação escolar está passando aos olhos da comunidade? Pois no primeiro momento foi visível a insegurança ao ter que conversar com alguém que trabalha em uma instituição de ensino. Primeiro tive que conquistar a confiança deles para depois obter sucesso na minha pesquisa. Por isso disse no início que os desafios são muitos e intrigantes. O fato de a comunidade estar receosa com um representante da comunidade escolar me intriga, pois fico a pensar, será que uma professora que deve despertar na criança o seu melhor para aprender não é confiável aos olhos dos pais? Ou será que eles se sentem pessoas com conhecimento diferente e ficam envergonhados? Ou então, perdemos a credibilidade enquanto profissionais que devem ser exemplos? Ou será que o encanto pela escola se esvaiu como o respeito, decência, humildade, amor, empatia e dignidade do ser humano para com outro?

No entanto, mesmo com os mais variados questionamentos, com as respostas da segunda pergunta é que realmente fiquei extasiada, pois embora a comunidade, assim como eu está receosa em relação a educação no momento atual, há muita vontade e interesse de muitos em ajudar ou contribuir, de diferentes formas, muitos demonstraram interesse em fazer parte de uma gestão democrática participativa,  conseguiram compreender que não é possível existir uma dicotomia entre escola e comunidade, entenderam qual é a valia de uma escola pública, para o desenvolvimento da criança de forma integral, a presença e ação da comunidade na educação da criança e crescimento de todos os envolvidos no processo, respeitando é claro, o princípio de zelar por um ensino de qualidade na qual todos os envolvidos no processo venham a crescer intelectualmente e humanamente.

Mesmo diante dos muitos desafios, questionamentos, anseios no que diz respeito a educação, ainda tem os sonhos de cada criança que chega até a escola com muitas expectativas, mas a maior delas é de aprender através de experiências significativas, construindo assim uma aprendizagem, como dizia Maria  Montessori, direcionada, com o objetivo de saber administrar suas habilidades e conhecimento adquiridos para tomar suas decisões futuras com graça, cortesia, respeito e comportamento apropriado em todos os momentos de sua vida.

Para tanto, acredito que a criança deve ter todo esse virtuoso aprendizado em conjunto com a família e escola que invistam em profissionais que busquem ser para ela, criança, exemplo de amorosidade, dedicação, integridade e responsabilidade, familiares e profissionais estes que estejam sempre criando e mantendo um ambiente bem preparado que incentiva a exploração e crescimento intelectual, social e cultural, garantindo que cada um desses pequenos seres humanos em construção tenham a oportunidade de aprender sem interrupções com desenvolvimento contínuo em todas as áreas de habilidades, inclusive a das emoções e sonhos. Das emoções, por que esta é a que nos provocam as mais diversas sensações em diferentes situações no decorrer de uma vida de contínuo aprendizado. Dos sonhos, por que a partir do momento que deixamos de sonhar ficamos estagnados no tempo e acomodados, sem perspectiva de futuro e mudança, principalmente na área educacional tendo em vista que é neste ambiente, que muitos descobrem quais são seus sonhos de vida futura.

Então pensar em uma escola dos sonhos, com a participação da comunidade e escola para que haja um crescimento de ambas não é impossível, desde que todos os envolvidos queiram fazer parte de modelo de educação que seja um exemplo de união e trabalho para nossas crianças. Afinal somos exemplos para os futuros adultos que queremos.

 

Texto - Professora: Rosimeri Frizon Meira

Divulgação - Diário Reservense

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