Diversos fatores contribuem para este cenário, mas é fato que o empreendedorismo feminino vem crescendo de forma acelerada no Brasil. O movimento é importante para fortalecer os direitos das mulheres e a luta pela equidade de gênero, além de promover uma quebra de paradigmas necessária para mudanças estruturais na nossa sociedade.
Mas, não dá para negar que ainda existem muitos desafios quando falamos sobre o tema – preconceito, dupla jornada, entre outros – e entender o panorama do empreendedorismo feminino no Brasil ajuda a lidarmos com eles. O caminho do empreendedorismo não é o mesmo para homens e para mulheres e, por isso, é tão importante falar sobre esse recorte de gênero.
No artigo de hoje, vamos falar sobre o cenário das mulheres empreendedoras brasileiras e o quanto o empreendedorismo é ferramenta de empoderamento e autonomia para elas, ao mesmo tempo que é fundamental para o desenvolvimento da sociedade como um todo. Confira!
Reduzir a desigualdade de gênero é, claro, o benefício mais óbvio do empreendedorismo feminino — mas a verdade é que o movimento vai muito além disso. Gerir o próprio negócio é, para muitas mulheres, o caminho mais promissor para alcançar a independência financeira que, por sua vez, é sinônimo de empoderamento e segurança para elas.
Mulheres são as maiores vítimas de violência patrimonial, entendida como a tentativa de controlar a vida de alguém usando dinheiro, bens ou documentos, que está prevista na Lei Maria da Penha. De acordo com um estudo realizado pelo Datafolha, inclusive, o Brasil registrou um aumento de 47% nos casos de violência patrimonial desde o início da pandemia.
Por isso, o empreendedorismo deu a muitas mulheres a oportunidade de prover o lar e proporcionar uma condição financeira melhor para sua família. Essa mudança é muito significativa e prova disso é que o percentual de mulheres responsáveis por chefiar a família subiu de 38% para 45% nos últimos dois anos, segundo dados do Sebrae.
E se engana quem pensa que o empreendedorismo feminino promove benefícios apenas para as mulheres. A iniciativa movimenta a economia e favorece a diversidade de negócios no mundo, a partir de empreendimentos disruptivos e inovadores que surgem pelas mãos delas.
E mais do que diversidade, o empreendedorismo feminino também tem potencial para injetar mais dinheiro na economia. Um estudo divulgado no final de 2019 pelo Boston Consulting Group, por exemplo, mostrou que diminuir a diferença de gênero em altos cargos executivos poderia elevar o PIB mundial entre US$ 2,5 trilhões e US$ 5 trilhões.
Mulheres com perfil empreendedor também têm grande potencial para alavancar os resultados das empresas. Isso é o que dizem diversos estudiosos do mundo corporativo, que defendem que, por terem mais facilidade para desenvolver competências comportamentais (as chamadas soft skills), o público feminino é mais flexível para lidar com as adaptações necessárias em um contexto empresarial.
Não tem como falar sobre o empreendedorismo feminino sem olhar para os dados do movimento no Brasil para entender de que forma nossa economia e nossa sociedade podem estar sendo impactadas por isso. E o que não faltam são informações, viu?
Um estudo realizado pelo Sebrae, com base na última edição da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnadc), mostrou que o número de mulheres à frente de um negócio no país fechou o quarto trimestre de 2021 em 10,1 milhões. Esse índice representa um aumento em relação aos levantamentos anteriores — no segundo trimestre de 2020, por exemplo, o número era de 8,6 milhões — e indica que mulheres estão à frente de 34% dos negócios no país.
Apesar do aumento significativo, um dado bastante alarmante joga uma luz vermelha sobre este cenário: apenas 0,04% do volume investido em startups em 2020 no Brasil foi destinado a empresas lideradas por mulheres. Isso é o que mostrou o relatório Female Founders Report 2021, comprovando que, apesar de estar em crescimento, o empreendedorismo feminino ainda conta com pouco investimento.
Outro dado que reforça esse cenário é a comparação entre nível de escolaridade e rendimento de homens e mulheres à frente de seus negócios, feita pelo próprio Sebrae. Mulheres possuem escolaridade 16% superior à dos homens, mas ainda faturam 22% a menos do que eles com seus próprios empreendimentos.
O número de mulheres em posições de liderança nas grandes empresas do Brasil também ainda deixa a desejar — apenas 13% se considerarmos as 500 maiores instituições.
Por mais que esse dado pareça irrelevante para o panorama do empreendedorismo feminino, não dá para desprezar o fato de que assumir o próprio negócio fortalece as mulheres e as coloca em ascensão para galgar novas posições dentro de suas organizações.
O que podemos ver é que o empreendedorismo feminino no Brasil, apesar de um movimento continuamente crescente, ainda tem muito a evoluir. E a educação financeira colabora muito nesse processo.
Por isso, convidamos você a continuar acompanhando os conteúdos do e a contar com nossas soluções financeiras.