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Procuradores reúnem provas que contrariam versão de Lula

17 de maio de 2017
Procuradores da Lava Jato protocolaram documentos no processo sobre o apartamento tríplex de Guarujá (SP) que contradizem declaração dada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em seu depoimento ao juiz Sergio Moro, na última quarta (10). No interrogatório, Lula disse que desconhecia ilegalidades na estatal e afirmou que um presidente da República "não tem reunião específica com diretor" da Petrobras, mencionando duas exceções durante seu governo. O Ministério Público Federal, porém, anexou no processo agendas que mostram ao menos 23 reuniões e viagens de Lula com diretores da estatal em seus dois mandatos, incluindo Paulo Roberto Costa, Renato Duque e Jorge Zelada -todos já condenados em processos da operação. "Nos oito anos que eu fiquei na Presidência da República, a gente não tem reunião com a diretoria da Petrobras. Eu em oito anos tive dois momentos: quando nós descobrimos o pré-sal para discutir o plano estratégico e para decidir, sabe, que a gente não ia fazer leilão do pré-sal. Era até em uma viagem que eu ia para a Argentina", disse Lula a Moro, ao ser questionado a respeito de Duque, que ocupou a diretoria de Serviços da estatal. Os documentos foram fornecidos pela própria Petrobras, que é assistente da acusação no processo. As agendas preveem Lula se reunindo para discutir temas pontuais, como uma de 2008 que tem como tema "propeno na Revap" (Refinaria Henrique Lage), em São Paulo. Além dos réus da Lava Jato, também aparecem compromissos de Lula com outros ex-diretores da estatal, como Graça Foster e Guilherme Estrella. Então ministra, a ex-presidente Dilma Rousseff também é listada em agendas como participante. Paulo Roberto Costa, primeiro delator da Lava Jato e primeiro ex-executivo da estatal a ser preso, é o diretor que mais aparece em compromissos com o então presidente, incluindo sete agendas em que não há menção a outros participantes. Há referências, por exemplo, a "jantar em Beijing [Pequim] com Lula", em 2009, ou um encontro, no Palácio do Planalto, em 2006. PRAZO A tentativa da Procuradoria de ligar Lula ao cotidiano da Petrobras faz parte da estratégia da acusação de afirmar que a OAS pagou propina ao petista, incluindo o tríplex, em troca de benefícios em contrato da estatal. No documento de denúncia, o Ministério Público chama Lula de "comandante da estrutura criminosa" na companhia. Lula chegou a declarar no depoimento que nenhum presidente "foi mais à Petrobras" que ele. Depois, no entanto, disse que o mandatário não integra o "dia a dia ou mês a mês" da estatal. "Ele participa de raríssimas reuniões e eu falei de duas que participei", reafirmou Lula. Ao anexar as agendas, em petição na segunda-feira (15), o Ministério Público Federal não deu detalhes. No dia do depoimento, Moro havia dado um prazo de cinco dias a para a inclusão de documentos no processo, que está entrando nas últimas etapas antes da sentença. A defesa de Lula afirma que os papéis apresentados pelos procuradores "somente servem para provar que seus membros têm acesso irrestrito a documentos da Petrobras, ao contrário da defesa". "Não há paridade de armas na ação", disse o advogado Cristiano Zanin Martins. Ele afirmou ainda que "73 testemunhas ouvidas na ação com a obrigação de dizer a verdade" inocentaram o ex-presidente e negaram ligação dele com desvios na estatal ou com a posse do apartamento tríplex.
PB Agência Web