por Dartagnan da Silva Zanela
Todos aqueles que apreciam as aventuras de Sherlock Holmes, escritas por Sir Arthur Conan Doyle, sabem muito bem que o procedimento [primeiro] de investigação do grande detetive era o da exclusão. Dito de outro modo, ele procurava ser criterioso quanto à escolha daquilo que iria direcionar a sua preciosa atenção, selecionando cuidadosamente tudo o que ele iria utilizar para realizar as suas investigações.
Tal procedimento é de grande serventia para toda e qualquer pessoa, de toda e qualquer época, principalmente para nós que vivemos num tempo onde poucos são os critérios utilizados por nós para selecionarmos o que irá capturar a nossa atenção.
Se exagero no que afirmo, perguntemos a nós mesmos: quando chegamos em casa e estamos, digamos assim, "de boas", na frente da dita cuja da televisão, qual critério utilizamos para selecionar aquilo que iremos assistir? Seguimos a programação que nos é apresentada pelos canais de televisão aberta? Acatamos, caninamente, as sugestões que nos são feitas pelo algoritmo da Netflix e similares?
Sim, no final somos nós que escolhemos nas duas possíveis situações, mas o fazemos dentro da seleção que nos foi criteriosamente apresentada tanto pela primeira como pela segunda. Dito de outra maneira: os algoritmos, bem como os canais de televisão, escolhem o que iremos assistir e nós, no nosso quadradinho, dizemos o que queremos daquilo que foi escolhido para nós, feito bichinhos bem domesticados.
Ao afirmar isso não estou, de jeito maneira, querendo demonizar as telinhas que nos vendem assombro e encantamento. Não mesmo. O que estou dizendo é que, por inúmeras razões, nós muitas e muitas vezes tomamos uma postura tremendamente passiva diante de tudo aquilo que nos é atirado na cara pelos meios de comunicação, por todos eles, e consumimos a tudo, tudinho, gulosamente, sem o menor pudor, sem o menor critério, sem zelo e sem a menor razão e isso, não preciso nem dizer, mas o direi mesmo assim: é uma tremenda furada meu caro Watson. Uma baita furada