CRÔNICAS

Sherlock Holmes e o controle remoto

08 de novembro de 2023

por Dartagnan da Silva Zanela

Todos aqueles que apreciam as aventuras de Sherlock Holmes, escritas por Sir Arthur Conan Doyle, sabem muito bem que o procedimento [primeiro] de investigação do grande detetive era o da exclusão. Dito de outro modo, ele procurava ser criterioso quanto à escolha daquilo que iria direcionar a sua preciosa atenção, selecionando cuidadosamente tudo o que ele iria utilizar para realizar as suas investigações.

Tal procedimento é de grande serventia para toda e qualquer pessoa, de toda e qualquer época, principalmente para nós que vivemos num tempo onde poucos são os critérios utilizados por nós para selecionarmos o que irá capturar a nossa atenção.

Se exagero no que afirmo, perguntemos a nós mesmos: quando chegamos em casa e estamos, digamos assim, "de boas", na frente da dita cuja da televisão, qual critério utilizamos para selecionar aquilo que iremos assistir? Seguimos a programação que nos é apresentada pelos canais de televisão aberta? Acatamos, caninamente, as sugestões que nos são feitas pelo algoritmo da Netflix e similares?

Sim, no final somos nós que escolhemos nas duas possíveis situações, mas o fazemos dentro da seleção que nos foi criteriosamente apresentada tanto pela primeira como pela segunda. Dito de outra maneira: os algoritmos, bem como os canais de televisão, escolhem o que iremos assistir e nós, no nosso quadradinho, dizemos o que queremos daquilo que foi escolhido para nós, feito bichinhos bem domesticados.

Ao afirmar isso não estou, de jeito maneira, querendo demonizar as telinhas que nos vendem assombro e encantamento. Não mesmo. O que estou dizendo é que, por inúmeras razões, nós muitas e muitas vezes tomamos uma postura tremendamente passiva diante de tudo aquilo que nos é atirado na cara pelos meios de comunicação, por todos eles, e consumimos a tudo, tudinho, gulosamente, sem o menor pudor, sem o menor critério, sem zelo e sem a menor razão e isso, não preciso nem dizer, mas o direi mesmo assim: é uma tremenda furada meu caro Watson. Uma baita furada

PB Agência Web