REGIÃO

Com criação de tilápia em lago de hidrelétrica, Alpha Fish alavanca piscicultura do Paraná

24 de novembro de 2023

Os reservatórios da Usina Hidrelétrica de Salto Osório, no Rio Iguaçu, estão ajudando a impulsionar a piscicultura do Paraná, que é o maior produtor de peixe de cultivo do Brasil. O governador em exercício Darci Piana participou nesta quinta-feira (23) da inauguração do Píer e do sistema Bioflocos da Alpha Fish, que iniciou em 2021 a produção de tilápia em tanques-rede em São Jorge D´Oeste, no Sudoeste do Estado.

Os tanques-rede são estruturas flutuantes utilizadas para o confinamento de peixes em reservatórios ou cursos d´água, permitindo a produção em alta densidade ao mesmo tempo que mantém a qualidade da água. A empresa paranaense recebeu a outorga do Ministério da Agricultura e Pecuária para explorar um milhão de hectares de água em 12 áreas do lago da usina, com a expectativa de produzir 30 mil toneladas de tilápia até 2030.

"Quase um terço da produção de peixes de água doce é daqui do Paraná, e é a tilápia que puxa esse volume. Com esse empreendimento em São Jorge D´Oeste, o Estado vai incrementar ainda mais a produção da piscicultura", salientou Piana. "É mais um investimento que abre grandes oportunidades de emprego e renda, além de movimentar a cadeia produtiva da região, com a perspectiva de vender para o mundo inteiro".

A instalação da primeira área acaba de ser concluída e a empresa avança para a implantação da segunda, que vai elevar a produção de 1,2 mil toneladas por ano para 6,6 mil toneladas/ano, o que equivale a 20% da capacidade prevista. O Píer, que é a unidade de recria e engorda dos peixes, conta com 170 tanques em funcionamento e deve chegar a 480 tanques em 2024. A estrutura completa prevê 3.750 tanques-rede nas 12 áreas de exploração.

Paralelamente, a Alpha Fish inicia um novo empreendimento na cadeia da piscicultura, com a instalação do sistema Bioflocos, dedicado à etapa de cria. Utilizado geralmente para a criação de camarão, a tecnologia será agora usada para a alimentação das larvas de tilápia para a produção de alevinos.

Os bioflocos são partículas orgânicas que ficam suspensas na água e formam um pequeno ecossistema com uma série de organismos. Ao mesmo tempo que serve de alimento, ela ajuda a filtrar as impurezas da água. ?É um sistema inovador para a criação de peixes, que é utilizado no camarão, já foi tentando anteriormente nos pescados, mas sem sucesso, e que agora estamos conseguindo fazer dar certo?, explicou o diretor-presidente da Alpha Fish, Gilson Tedesco.

"A vantagem é que garante um custo menor com ração e aumento da imunidade do peixe, que ganha robustez e reduz a mortalidade nos tanques-rede. Nesse lote que estamos trabalhando, a mortalidade fica abaixo de 0,5%", destacou.

A Alpha Fish tem o objetivo de atingir o ciclo completo da cadeia produtiva da tilápia, com a perspectiva de gerar até 1,6 mil empregos quando todas as unidades estiverem em funcionamento, além de envolver uma cadeia de fornecedores com mais de 6 mil pessoas em toda a região. Também faz parte do projeto a instalação de um frigorífico, prevista para iniciar em 2025, uma fábrica de farelo e uma fábrica de ração.

O investimento, até o momento, chegou a R$ 30 milhões, mas o projeto completo deve receber aporte de R$ 500 milhões. "Além da carne de tilápia, também poderemos comercializar o couro e o colágeno, utilizado na fabricação de gelatina", ressaltou Tedesco. "Nossa expectativa é boa, porque a tilápia está ganhando mercado e pode se igualar ao consumo de frango no futuro".

Para a prefeita de São Jorge D?Oeste, Leila da Rocha, os investimentos da empresa e também do empreendimento da Piracanjuba, que vai instalar no município a maior fábrica de queijos do Brasil, estão movimentando a economia da cidade. "Já percebemos tantos rostos diferentes vindo residir no nosso município na expectativa desse grande desenvolvimento. São Jorge D?Oeste vive esse momento importante, com muito empregos sendo gerados e o progresso que anda a passos largos e se reflete no comércio e na renda dos moradores", disse.

Além da outorga do Ministério da Agricultura, o cultivo no reservatório da usina conta com anuência da Marinha e da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA), além das licenças ambientais emitidas pelo Instituto Água e Terra (IAT).

Representante do Ministério da Pesca e Aquicultura, Helinton José Rocha destacou o fortalecimento da cadeia da piscicultura em todo o País. "Os empresários estão vendo esse potencial, desde a venda do insumo, até o desenvolvimento de subprodutos da pesca que viabilizam a cadeia, os empregos e trazem o desenvolvimento regional integrado e responsável e vem complementar esse sistema produtivo", disse Rocha, que é diretor do Departamento da Indústria do Pescado da Secretaria Nacional de Pesca Industrial, Amadora e Esportiva.

Fonte/fotos: Agência Estadual

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