GERAL

Participação de idosos no mercado de trabalho cresce 42% no Paraná

30 de junho de 2017
O número de pessoas com mais de 50 anos (que o próprio Ministério do Trabalho define como "idosos") no mercado formal de trabalho está em alta no Paraná e cresceu aproximadamente 42% em cinco anos, segundo dados da Relação Anual de Informações Sociais (Rais). Em 2010, eles somavam 371.649 trabalhadores com carteira assinada. Em 2015, último ano com dados disponíveis, havia saltado para 526.116. O crescimento mais expressivo se deu na faixa etária acima de 65 anos, com aumento de 75,18% no período analisado - eram 18.335 trabalhadores em 2010 e, cinco anos depois, já somavam 32.120. Já na faixa entre 50 e 64 anos, a variação foi de 39,82%, passando de 353.314 para 493.996. Curiosamente, o número de trabalhadores com idade entre 50 e 64 anos e acima de 65 anos não só foram as faixas etárias que registraram maior crescimento nos cinco anos em análise, como também as únicas que tiveram alta na comparação de 2014 com 2015. De acordo com Bernt Entschev, headhunter e fundador da consultoria em recursos humanos que leva o seu nome, no momento em que a economia vai mal é comum haver um aumento na participação dos mais velhos no mercado formal de trabalho. São dois os principais motivos para isso: é que se tratam de profissionais que custam menos e que costumam ser "mais dóceis". "As pessoas mais velhas se encaixam melhor nos regimes empresariais, com cortes de benefícios. Eles se conformam de forma mais amigável e com mais sabedoria", aponta o presidente da De Bernt Entschev Human Capital. "Além disso, muitos já estão aposentados e querem um salário adicional. Então não importa muito se é um salário alto ou pequeno, porque de toda forma já reforça o caixa. E essas pessoas trabalham melhor sobre um sistema mais rígido de comando." Ainda segundo o especialista, a grande maioria das vagas - ele estima que cerca de 95% - ocupadas por esses profissionais são com salários de menor expressão, em funções como auxiliar de caixa, vigilante de supermercado, empacotador e auxiliar de produção. "No Paraná, segundo os dados do Rais, tivemos em 2015 um salário médio de R$ 2,5 mil. Mas essas pessoas (acima de 50 anos) entram ganhando um pouco mais de um salário mínimo e até R$ 2 mil, então são salários que, infelizmente, puxar a média salarial para baixo", afirma Entschev, destacando que há espaço para uma absorção ainda maior desses trabalhadores, que "são um petisco bastante apreciado pelos empresários". Todos saem ganhando, diz coodenador Continuar trabalhando depois de aposentado, seja para aumentar a renda familiar, seja para dar um novo sentido ao tempo livre, pode trazer benefícios a todos os envolvidos, afirma o coordenador de Relações do Trabalho, Antônio Artequilino da Silva. "A empresa que contrata um aposentado se beneficia com o aporte de conhecimento que essa pessoa acumulou durante toda uma vida. Além da maturidade, responsabilidade, confiança, pontualidade entre outras vantagens. E a integração e a interação entre diferentes gerações fortalece a equipe de trabalho", diz. Ainda segundo o coordenador, o pagamento de salários menores para "é um tipo de violência contra a pessoa idosa" que precisa ser mudado. Ele ainda destaca que, mesmo para quem já conquistou a aposentadoria, é obrigatória a contribuição previdenciária. A legislação trabalhista, no entanto, assegura ao aposentado que volta ao mercado de trabalho todos os direitos dos demais trabalhadores: férias, 13º e salário-família. Porém, ele não tem acesso ao auxílio-acidente e auxílio-doença. Estava ficando doente, afirma aposentado "Depois de seis meses em casa, estava ficando doente." Essa é a resposta do funcionário do setor de Hortifruti do Supermercado Condor do Novo Mundo, Brasilino Camargo de Miranda, 72 anos. Ele conta que, após trabalhar por mais de 35 anos como borracheiro, se aposentou, mas não conseguiu "curtir" a aposentadoria. "Sempre trabalhei com gente por perto e ficar parado em casa estava me fazendo mal. Eu estava ficando triste", conta. Seu Brasilino, como é conhecido pelos clientes e colegas de trabalho, lembra que ficou sabendo da vaga no Condor através da esposa. "Ela chegou em casa e me disse que o Condor estava fichando e disse que eu deveria tentar uma vaga e foi o que eu fiz" , diz. Depois de fazer o cadastro para a vaga, fez um teste e passou. "E já são quatro anos que estou aqui e muito feliz", diz. "Aqui eu conheço gente nova todo dia, converso, faço novas amizades e faço exercícios também o que foi muito bom para as minhas pernas, que antes doiam e agora não doem mais", comemora.
PB Agência Web