GERAL

Agressões de filhos contra os próprios pais viram rotina no Paraná

12 de julho de 2017
Um filho pode desafiar, provocar e até insultar. Episódios assim não são raros, em especial durante a fase da adolescência, marcada pela rebeldia. No Paraná, porém, muitos filhos têm extrapolado — e não apenas os jovens. É que os casos de agressões contra pais estão em alta no Estado, ao ponto de se tornarem rotina no noticiário policialesco. Somente na última semana foram dois casos de parricídio (assassinato do pai, mãe ou de qualquer outra figura parental). O primeiro deles foi registrado na semana passada, em Imbituva, no Sudeste paranaense. Um homem de 33 anos matou o pai, de 64, com um golpe de machada na cabeça. Quando foi atingido, a vítima dormia na cama de sua casa. Já na manhã de domingo, em Pato Branco, no Sudoeste do Paraná, outro pai foi morto após ser agredido na cabeça pelo filho, que estava armado com uma barra de ferro. Os dois casos não são únicos. Mais alarmante, sequer são raros e é crescente o número de pais que estão tendo de enfrentar aterrorizantes agressões dos mais diversos tipos por parte de seus filhos. Uma evidência disso é que, desde julho do ano passado, o Paraná registrou pelo menos outros sete casos de parricídio, segundo levantamento feito pelo Bem Paraná com base em notícias publicadas por jornais de todo o Estado. As estatísticas oficiais também apontam nesse sentido. De acordo com dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), do Ministério da Saúde, o Paraná registra uma média de uma agressão deste tipo a cada 19 horas. Entre 2012 e 2014, último ano com dados disponíveis, foram 1.408 registros de agressões de filhos contra pais. Com isso, o Estado fica em quarto lugar no ranking nacional, atrás apenas de São Paulo (3.085), Minas Gerais (2.537) e Rio Grande do Sul (1.616). Para Julio Jacobo Waiselfisz, coordenador da Área de Estudos da Violência da Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (FLACSO), essa pode ser apenas a “ponta do iceberg”. “Estes são os casos de violência daquelas pessoas que já tiveram que ir ao posto de saúde. Ninguém vai ao posto de saúde por causa de uma ameaça”, afirmou em entrevista à BBC. Num artigo intitulado “Violência dos filhos contra os pais”, o psicólogo Javier Urra Portillo disserta sobre o tema. “As causas são: Uma sociedade permissiva que ensina aos filhos os seus direitos, mas não os seus deveres; que interpretou de forma equivocada o lema ‘não pôr limites’ e ‘deixar fazer’, abortando um correto amadurecimento”, escreve o especialista. “O corpo social perdeu força moral”. Ocorrências Paraná 2014: 486 2013: 541 2012: 381 Brasil 2014: 4.487 2013: 5.560 2012: 4.288 Dados Paraná (2012-2014) Vítima Pai: 377 Mãe: 1.031 Tipos de Violência Física: 797 Psicológica e moral: 728 Tortura: 55 Sexual: 16 Tráfico de seres humanos: 1 Financeira/econômica: 267 Negligência/abandono: 489 Outras violências: 11 Local da ocorrência Residência: 1.304 Habitação coletiva: 3 Bar ou similar: 3 Via pública: 35 Comércio/serviços: 14 Outros: 28
PB Agência Web