GERAL

Posseiros do Alecrim querem a posse definitiva da terra

16 de abril de 2018
Apesar de haver previsão de fechamento da rodovia PR-170 hoje, a ação maior será nesta terça feira (17), quando acontece um ato judicial de conciliação no Fórum de Pinhão para definir o futuro das 22 famílias que vivem no Assentamento Alecrim. As famílias estão na área há mais de 20 anos, construíram casas, tem plantações e criam animais. Foi neste local, porém, que um mandado de reintegração de posse expedido pela Comarca de Pinhão, em dezembro do ano passado, destruiu a vila. A imagem da igrejinha sendo derrubada por máquinas chocou a comunidade católica. Nessa mesma agressão também puseram abaixo o posto de saúde, uma padaria comunitária e os espaços de lazer da comunidade. De acordo com o prefeito Odir Gotardo, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) considerou que os terrenos deveriam ser devolvidos às Indústrias João José Zattar S.A. Entretanto, a mobilização fez com que as demais reintegrações de posse programadas para acontecerem em seguida fossem suspensas. Segundo Gotardo, Pinhão tem cerca de 2,5 mil famílias em condição de instabilidade fundiária, o equivalente a 14 mil pessoas em situação semelhante à dos posseiros que habitavam o Alecrim, com liminares e autorizações para reintegração em benefício da mesma empresa. “Isso significa um terço da população do município. O que vou fazer com essas pessoas? Quando acontece a desocupação a justiça pede que o município tome providências”, repete Gotardo. Segundo ele, há ações que se arrastam desde 1989. “Essas famílias já estão estruturadas e autossustentáveis. A situação é muito grave”, observa o prefeito. Essas desapropriações, se forem cumpridas, resultarão num grave problema social para o município. Por isso, a proposta é que ninguém saia de onde está. O ato desta terça (17) é para a busca de uma solução definitiva para a comunidade de Alecrim. A expectativa dos moradores é de que o Instituto Nacional de Reforma Agrária (Incra) leve uma proposta que seja viável. “A única proposta que será aceita é de que o Incra compre essa área para que as famílias possam ter a posse definitiva”. Segundo o prefeito, não será aceita qualquer proposta que condicione a solução da comunidade Alecrim a outra área. Com cerca de 32 mil habitantes, dos quais praticamente 50% residem na cidade e 50% no interior, Pinhão abriga quarto acampamentos e áreas onde vivem posseiros. Praticamente 50% desse universo de 14 mil famílias possui demanda latifundiária com a empresa Zattar. Para mostrar que os posseiros e o MST estão mobilizados e que desejam a solução do conflito Agrário no município, a comunidade de Alecrim promoveu o que chamou de reestruturação da comunidade. O ato realizado no sábado (14) reuniu deputados estaduais e federais, representantes do Incra, lideranças políticas da região e moradores. Caso a proposta não seja aceita pelos posseiros a ordem é uma só: intensificar a mobilização e estender o bloqueio da PR-170 para a BR-277. O ato de conciliação começará às 10h de amanhã (17). [caption id="attachment_12173" align="aligncenter" width="1024"] Ato na comunidade Alecrim no último sábado (Foto: reprodução/Facebook/Antenor Gomes)[/caption] [caption id="attachment_12174" align="aligncenter" width="1024"] Um dos posseiros do local (Foto: reprodução/Facebook/Antenor Gomes)[/caption] [caption id="attachment_12175" align="aligncenter" width="1024"] Pessoas da comunidade (Foto: reprodução/Facebook/Antenor Gomes)[/caption] [caption id="attachment_12176" align="aligncenter" width="1000"] Igreja sendo derrubada em Pinhão (Foto: reprodução/Atilio Mattozo/YouTube)[/caption]
PB Agência Web