GERAL
Discovery Channel grava documentário com professora da FADEP
21 de março de 2017
Ela nasceu com uma pinta no rosto. Aos 8 meses teve os primeiros sangramentos na gengiva e a primeira cirurgia. Após anos de busca por informações, aos 14 fez o primeiro procedimento estético e descobriu que o problema era mais sério do que imaginava. Hoje, aos 37 anos, ela se mostra feliz e realizada com a vida.
Faço praticamente tudo que quero. A única coisa que ainda não pude fazer foi saltar de paraquedas. O meu médico não permitiu, conta Luciana Dorini. Professora na FADEP (Faculdade de Pato Branco), desde que nasceu Luciana convive com uma doença ainda pouco conhecida: o Hemangioma.
A doença é caracterizada por um acúmulo anormal de vasos sanguíneos na pele ou nos órgãos internos, que pode ocorrer em qualquer parte do corpo. Além do tratamento por meio de medicamentos, o paciente muitas vezes, também, acaba tendo que passar por procedimentos cirúrgicos.
Na vida de Luciana, isso foi constante. Desde que diagnosticou a doença, de lá para cá já foram 19 cirurgias. Já enfrentei muitas vezes o medo de morrer, mas sempre superei. Tive diversas hemorragias e meus cinco últimos procedimentos cirúrgicos me proporcionaram uma qualidade de vida maior, afirma.
A doença nunca foi um problema para Luciana, que é formada em Ciências Contábeis e também atua como contabilista concursada na Câmara Municipal de Mangueirinha. Já me senti diferente por muitas vezes, mas nunca senti vergonha. Não tenho e não preciso ter vergonha da doença. Pelo contrário, me sinto muito normal.
Em meio aos desafios, em maio de 2015 Luciana resolveu mudar sua relação com a patologia. Foi quando surgiu a ideia de criar um blog que falasse sobre a doença, as dificuldades e como enfrentar tudo isso. Tudo aconteceu a partir do momento que a mãe de uma criança com Hemangioma me procurou desesperada.
A partir dessa conversa, Luciana quis fazer muito mais. E fez. Imaginei o quanto poderia ajudar outras pessoas que tinham a mesma dúvida e passavam por um problema como o meu. Surgiu ai a ideia do blog como uma ferramenta para compartilhar informações e experiências, conta ela que posteriormente criou um canal no Youtube.
Com centenas de acessos diários, o eutenhohemangiomaedai.com se tornou referência. Além de falar sobre o tema, Luciana compartilha com os seguidores o seu dia a dia, mostrando que o a doença nunca foi um problema. Vou a academia, trabalho, saio com os amigos, faço tudo que posso, destaca.
Tamanha atitude de imposição frente ao que para muitos é um problema, despertou a curiosidade do canal de televisão Discovery Channel, que apresenta documentários, séries e programas educativos sobre diversos temas como a tecnologia, ciência, meio ambiente, entre outros.
O contato começou há um ano entre o canal de televisão e a professora. Com o passar do tempo veio o convite para participar do programa Meu corpo, Meu desafio, que conta a história de pessoas que convivem com doenças e anomalias raras, mas que procuram enfrentar suas doenças de cabeça erguida.
Luciana foi escolhida entre centenas de pessoas no mundo todo para participar. Além dela, outras 10 pessoas em toda a América Latina estão participando do programa que deve ir ao ar no mês de setembro deste ano. A ideia é mostrar o dia a dia das pessoas e como elas superam os desafios.
Na última sexta-feira (17), Vanessa Montenegro (produtora internacional) e Abigail Spindel (repórter cinematográfica) estiveram na FADEP acompanhando Luciana durante a colação de grau da turma do curso de Ciências Contábeis e, no sábado, do baile de formatura.
Meu corpo, Meu Desafio é um documentário que seleciona centenas de casos no mudo todo e escolhe aqueles que trazem as maiores superações. Nosso intuito é de que mostrando isso ao mundo, outras pessoas que tenham a doença possam se espelhar no exemplo da Luciana e ver que é possível enfrentá-la, explica Vanessa.
O programa, de cunho científico, além de mostrar o dia a dia da professora também teve como sensibilidade entrevistar o médico que cuida de Luciana hoje. Dessa forma, oportunizamos ao telespectador o acesso a conhecimentos mais técnicos e que muitas vezes não são compartilhados, detalha a produtora.
Feliz em poder mostrar que o Hemangioma em nada mudou sua vida, Luciana lembra que, independente da doença, o portador precisa ter alegria em viver. É normal que a gente desanime muitas vezes, mas é preciso ter fé e esperança. Precisamos aproveitar o presente mais belo que temos, a vida, e vivê-la em sua plenitude.