O município de Pinhão e a Diocese de Guarapuava deram inicio ao processo de busca pelo reconhecimento da santidade de uma pessoa da comunidade que baseou sua história na oração e na vivência cristã.
Há muitos anos, a comunidade da região reza pela memória e atribui graças a Dolores de Jesus Camargo. A partir daí, o bispo de Guarapuava, Dom Amilton Manoel da Silva, determinou a apuração dos fatos, levantamento da vida de Dolores e observação de episódios de possíveis graças narrados pelas pessoas.
Em entrevista ao repórter Elvin Santos, da Rádio Club de Palmas, o padre André Ricardo Santos Lima, designado pela Diocese para a condução do processo de possível beatificação de Dolores, falou sobre o importante momento para toda a comunidade católica da região. Ouça no player abaixo:
Dolores de Jesus Camargo, nasceu em 25 de março de 1932 no município de Pinhão. Aos 13 anos, começou seus estudos no colégio Nossa Senhora de Belém, em Guarapuava. Com 14 anos de idade, fez uma visita a seus avós que viviam em uma fazenda, no município de Pinhão. A pedido da avó, Dolores foi torrar café, uma prática comum na época.
Com o corpo quente por ter ficado muito tempo ao redor do forno, Dolores foi tomar banho no rio antes de entrar na casa. Com o choque térmico, ela sofreu uma paralisia em um lado de seu corpo, com grandes danos à sua face. Era 1946 e a menina ficaria naquele estado de deficiência e dor por treze anos, quando não resistiu e morreu em 08 de agosto de 1959.
Relatos familiares destacam que a menina nunca reclamou de sua condição de saúde, embora tendo que interromper todas as suas atividades práticas, como estudar, por exemplo. Ela tinha a intenção de se tornar freira e colaborar com os projetos da Igreja.
Segundo relatos, além de prejudicar seu corpo, a paralisia a deixou cega, mas os mesmos relatos sublinham que ela não reclamava de sua condição, ao contrário, aceitava a situação com alegria. “Ofereço tudo a Jesus”, costumava dizer ao ser abordada sobre o assunto.
A partir de sua morte, “foi sempre reconhecida pela família e amigos, como uma mulher de Deus, da eucaristia e da fé. Seu túmulo se encontra no cemitério da Caroba, em Pinhão. Lugar que espera a visita do povo de Deus e as orações por sua alma, bem como pedidos de graças por sua intercessão”, diz um texto escrito por familiares e amigos, sobre a vida de Dolores.
Padre André explica que, neste momento, a Diocese de Guarapuava tem um “caso histórico”, o qual busca tornar-se uma causa de beatificação. Isso exigirá um processo minucioso de investigação, para se ter comprovação de ocorrência de milagres atribuídos à jovem.
Explicou o padre que um dos fatores principais em se tratando de beatificação pela Igreja Católica, são os relatos e comprovações das graças e dos milagres recebidos pela intercessão daquela pessoa a quem se atribui tal fato. Por isso, é importante que essas informações cheguem até a paróquia para que com isso, o processo ganhe consistência.
Processo de beatificação e canonização
O primeiro processo é o das virtudes ou martírio. Essa é a etapa mais demorada, porque deve se investigar minuciosamente a vida do Servo de Deus, verificar a fundo a vivência das virtudes. Já no caso de um mártir, devem ser estudadas as circunstâncias que envolveram sua morte, para comprovar se houve realmente o martírio. Ao término desse processo, a pessoa é considerada venerável.
O segundo processo é o milagre da beatificação. Para se tornar beato, é necessário comprovar um milagre ocorrido por sua intercessão. No caso dos mártires, não é necessária a comprovação de milagre.
O terceiro e último processo é o milagre para a canonização. Este tem que ter ocorrido após a beatificação. Comprovado esse milagre, o beato é canonizado e o novo santo passa a ter um culto de veneração universal.
Com Informações: RBJ