A cantora Marilene, da dupla
sertaneja As Galvão, morreu na tarde desta quarta-feira (24) em Paraguaçu
Paulista (SP), aos 80 anos. Marilene Galvão, que sofria de mal de Alzheimer,
deixou de cantar e tocar viola ao lado da irmã depois de mais de 70 anos de carreira.
O velório e o sepultamento da
artista serão realizados nesta quinta-feira (25) em Paraguaçu Paulista. A causa
da morte dela não foi divulgada.
CARREIRA
Ao longo da carreira, a dupla
lançou 80 discos. A dissolução foi anunciada por Mary Galvão em entrevista a
André Piunti, publicada no Youtube em 19 de junho de 2021. O motivo do término
era o avanço do Alzheimer que obrigou Marilene a se retirar de cena pela perda
total de memória.
Em cena desde 1947, As Galvão
se consagrou como pioneira no universo da música caipira. Afinal, as irmãs
entraram no ramo como sendo as duas primeiras mulheres do cenário sertanejo,
então dominado pelo elenco masculino.Além de cantar, Mary Galvão ? nascida em
Ourinhos (SP) em 1940 ? tocava sanfona na dupla. Já Marilene Galvão ? nascida
em Palmital (SP) em 1942 ? tocava viola enquanto unia a voz com a da irmã para
propagar músicas como Beijinho Doce (Nhô Pai, 1945), clássico sertanejo lançado
pelas Irmãs Castro, mas desde sempre associado às vozes das irmãs Galvão.
Quando entraram em cena na
Rádio Club Marconi de Paraguaçu Paulista (SP), em 1947, com sete e cinco anos,
respectivamente, Mary e Marilene certamente nem sonhavam em pavimentar
trajetória tão longa na música sertaneja.
De rádio em rádio pelo interior
paulista, as irmãs acabaram contratadas pela RCA Victor, gravadora na qual
debutaram em 1955, ano em que as Galvão registraram, em disco de 78 rotações
por minuto, as músicas Carinha de Anjo (Paschoal Yanuzzi e Fábio Mirhib) e
Rincão Guarani (Maurício Cardozo Ocampo, Diogo Mulero Palmeira e Centorion).
Começou, naquele ano,
bem-sucedida trajetória fonográfica pavimentada pelas gravações de toadas,
modas de viola e rasqueados, gêneros musicais recorrentes no universo
sertanejo. As irmãs Galvão gravaram discos com regularidade até o fim da década
de 1980.
A partir dos anos 1990, a
discografia foi ficando cada vez mais espaçada na medida em que a dupla passava
a ser cada vez mais reconhecida pelo fato de, no rastro das Irmãs Castro, Mary
e Marilene terem imprimido assinatura vocal feminina na música sertaneja quando
que somente os homens cantavam modas caipiras.
Essa trajetória pioneira foi celebrada em 2017, ano em que as Galvão festejaram sete décadas de carreira, com a edição do DVD Soberanas ? 70 anos ao vivo e com o documentário Eu e minha irmã ? A trajetória das Irmãs Galvão, dirigido por Thiago Rosente.
Texto e foto: reprodução/G1