ESPORTES

Árbitra de Candói se destaca na região pelo empoderamento feminino e precisão dentro das quatro linhas

04 de fevereiro de 2023

O Diário Reservense entra hoje no mundo do esporte e conta um pouco do trabalho e trajetória da árbitra de futsal e futebol Neila da Silva. Ela é a entrevistada de hoje no quadro Destaque Reservense.

Neila nasceu em 26 de julho de 1991 na cidade de Mangueirinha, teve uma infância feliz e uma juventude bem aproveitada. Quando adolescente Neila não praticava nenhum tipo de atividade física, isso mudou apenas quando veio à maternidade com a chegada de seu filho e a mesma viu a necessidade de estar na ativa e desta forma buscou no handebol e futsal um caminho para gastar energia e cuidar da saúde. No início foi muito difícil, mas com o passar do tempo, com muita garra e determinação foi possível conciliar família e esporte.


Trajetória

Após começar a vida esportiva Neila conquistou muitas medalhas, sempre atuando com muita humildade, dedicação e mantendo o foco. Dentre os eventos que participou destacamos algumas competições em que a mesma teve um bom êxito: Campeã do Abertão de Futsal em Candói 2015 e goleira menos vazada, Campeã do Abertão de Futsal em Guarapuava 2016. No handebol sagrou se campeã Copa Candói de Handebol 2015 e foi vice campeã da Copa Candói de Handebol na edição de 2019. No município de Capitão Leônidas Marques em 2017 ficou com terceiro lugar na edição dos Jogos Abertos do Paraná. No ano de 2018 sagrou se campeã Copa Saudade de Handebol representando Pinhão, no mesmo ano levantou a taça na Fase Regional dos Jogos Abertos representando Rebouças. Já no primeiro semestre de 2020 defendeu o Pinhão e no segundo semestre do mesmo ano atuou em Francisco Beltrão.


Arbitragem

Em meados de 2016 a jovem prodígio fez o curso de oficiais de arbitragem de futsal e no ano de 2017 teve sua primeira experiência no meio, quando foi escalada para trabalhar nos Jogos Escolares do Paraná em Teixeira Soares. A partir daí apitou em inúmeras partidas escolares, campeonatos, infantil, juvenil e adultos, regionais e municipais, tendo uma brilhante atuação nas passagens por Quedas do Iguaçu, Prudentópolis, Iporã, Chopinzinho, Pato Branco, Palmital, Reserva do Iguaçu e Pitanga.  





Empoderamento Feminino

Tudo começa com a paixão, correr atrás de seus direitos, ainda hoje ver uma mulher apitando um jogo masculino ainda é raro, nos últimos anos teve um aumento de 30% de mulheres no meio, o machismo é uma das principais formas de violência praticadas, quando suas capacidades foram colocadas em dúvida devido ao gênero. Dentro de quadra Neila já ouviu por diversas vezes "lugar de mulher é atrás da pia e do fogão", a jovem destaca que tudo serviu para seu amadurecimento, descobriu nesse período que realmente queria fazer parte desse mundo representando as  mulheres que podem estar aonde quiserem, lembrou ainda que essa é uma luta que não pode parar as mulheres que ainda são minoria, mas dia após dia começam a ganhar espaço no meio esportivo, tradicionalmente dominado por homens.



Após quase 100 anos, mulheres quebram mais uma barreira na copa do mundo de 2022 - O apito também é delas

Noventa e dois anos: esse foi o tempo necessário para que pudéssemos ver um trio de arbitragem feminino em uma partida de Copa do Mundo. O feito aconteceu no dia 01 de dezembro quando, pela primeira vez a FIFA, convocou mulheres para fazer parte do quadro de arbitragem da competição. No pontapé inicial do jogo entre Costa Rica e Alemanha válido pelo grupo E, a francesa Stéphanie Frappart, a mexicana Karen Diaz Medina, a brasileira Neuza Back e a quarta árbitra Said Martinez, de Honduras, ocuparam um espaço que nunca havia sido concedido a elas na tradicional competição de futebol que acontece desde 1930. Além delas, a canadense Kathryn Nesbitt esteve na equipe do VAR.


Como árbitros assistentes, o número das mulheres é maior, mas ainda muito discrepante se comparado aos homens: entre 381 profissionais, 288 são homens e 93 são mulheres. O número total de homens que atuam na arbitragem da Confederação Brasileira (principais e assistentes) é quase cinco vezes maior do que o número de mulheres: 535 contra 123 postos ocupados por elas.

Em 2019, a Federação Paulista de Futebol (FPF) contava com 400 árbitros em seu quadro e apenas 14 eram mulheres. Na época, a Federação lançou turma exclusiva para mulheres em seu curso de arbitragem com o objetivo de fomentar a participação feminina nos quadro da entidade.

O primeiro grupo chegou a participar das aulas, mas por conta da pandemia, o curso precisou ser suspenso. Por enquanto não há previsão de uma nova turma feminina, mas a escola de árbitros tem feito um trabalho de divulgação direcionado para atrair mais mulheres para o curso de arbitragem que a FPF realiza desde 1953 em parceria com a Escola de Árbitros Flavio Iazzetti.

Brasileiras são pioneiras na arbitragem

A primeira árbitra de futebol reconhecida pela FIFA é brasileira. Ela se chama Léa Campos e no final da década de 60 já havia concluído o curso de arbitragem, mas não tinha tido a oportunidade de apitar uma partida.

Depois dela, foi Silvia Regina quem fez história na arbitragem brasileira. Ela foi à primeira mulher a apitar jogos da elite do campeonato brasileiro masculino, clássicos e competições internacionais, como a Sul-Americana. Em 2008, quando se aposentou, Silvia Regina foi convidada para trabalhar na FPF e para fazer cursos especializados pela FIFA para atuar como instrutora de árbitros e de instrutores também.

Para Silvia Regina, as mulheres de hoje têm consciência de que é possível exercer a profissão de árbitra, mesmo que a aceitação ainda não seja maior do que anos atrás. "A procura tem sido maior e a preparação delas para estar nesse ambiente também. Hoje elas estão melhores preparadas do que nas décadas passadas."


Inspiração

A nível internacional nossa homenageada tem como inspiração a francesa Stéphanie Frappart, citada anteriormente. Já a nível nacional e em especial regional o carinho vai para a árbitra Katiucia Meneguzzi de Cascavel e Ellen Dayane Grosshopf de Curitiba, a dupla é referência e apitam o Campeonato Paranaense de Futsal nas series bronze, prata e ouro (Masculino e Feminino).

Neila apesar da pouca idade tem uma bagagem profissional admirável. Ela lembra que o apoio de sua família foi imprescindível na tomada de decisões importantes, nesse momento cada palavra de apoio, cada abraço fez toda diferença. Ela agradece também a Federação Paranaense de Futsal - FPFS e aos oficiais de arbitragem por confiar no seu trabalho e por fim a cada município pelo carinho e por sempre estarem de portas abertas para que a mesma possa exercer o apito. 


"Neila é talento, é Destaque, é inspiração, é Diário Reservense."  


Lorival Lima Santos - Jornalista MTE 0012738/PR 

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